Translate

quarta-feira, 30 de abril de 2014

GRUPO (BRITÂNICO) DO VESTIDO RACIONAL (Londres, Inglaterra, c. 1863-1883).



GRUPO (BRITÂNICO) DO VESTIDO RACIONAL

(Londres, Inglaterra, c. 1863-1883).
 
William Morris, artista revolucionário, tinha idéias próprias quanto aos trajes das mulheres inglesas, desejando livrá-las das armações dos espartilhos que, na época, participavam do vestuário das damas educadas européias. O resultado foi o movimento O Vestido Racional [The Rational Dress], liderado por Morris. Naquele tempo, era dada muita importância ao trajar, especialmente na alta sociedade inglesa, a que Morris sempre pertenceu. Morris utilizou a estética do novo estilo do vestir racional para confecção de seus próprios trajes, usados no dia a dia.


Edward Burne-Jones pintou Sidonia von Bork 1560 (1860), figura com vestido que provávelmente serviu de inpiração para a nova moda feminina, usada no grupo que rodeava William Morris. Nas pinturas, foram retratados vestidos desestruturados, modelos de mangas longas enfeitadas, fechados até o pescoço, que se encontram representados nas muitas obras de Dante Gabriel Rossetti, que retratou Jane Morris como A Sra. William Morris com Vestido Azul (Mrs. William Morris in a blue dress, 1868). Depois que enviuvou, Rossetti fez Morris encomendar-lhe esse retrato, quando ele se apaixonou por Jane, que posou muitas vezes acompanhada do marido. Os encontros mais pareciam reunião de amigos, mas, em segredo e na mesma época, Rossetti pintou Jane como La Pia de Tolomei, figura retirada do Purgatório, do Inferno de Dante Alighieri, personagem que foi abandonada, aprisionada e finalmente assassinada por um marido cruel, negligente e tirânico. Esse retrato oficial de Jane Morris, que Rossetti levou um ano para terminar, foi colocado na sala de estar na casa dos Morris (Queen Square, Londres).


Rosseti anteriormente retratou Jane Morris como Monna Vanna ou Belcolore (1865, óleo/ tela, 88,9 cm x 86,4 cm, assinado com monograma, no acervo da Tate Gallery, Londres). Esta pintura destaca vestido luxuoso, adornado com plumas e mangas descomunais. Rosseti retratou Jane em outras pinturas, sempre usando vestidos racionais; e fotografou-a na foto posada, que mostra a verdadeira, bizarra Jane, no vestido racional de uso diário. Aliás, Jane surge nas fotografias muito menos bela do que nas pinturas, infeliz, parecendo deprimida. Jane Morris, depois do casamento com o educado, rico e culto William Morris, não foi aceita pela sociedade inglesa, foi ridicularizada devido ao seu baixo nível educacional e social, muito inferior ao patamar da sociedade que nunca frequentou, e, mais ainda, pelos vestidos que passou a usar.

Outros artistas, colegas de Rossetti na Academia Real de Arte (RA-1847) como William Holman Hunt e John Millais, que formaram posteriormente a Irmandade dos Pré-Rafaelitas [The Pré-Raphaelite Brotherwood] (v. no meu Blog:
<http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com>), aderiram à racionalidade nos trajes. Hunt retratou bela jovem, sua esposa Georgiana, vestida desestruturadamente na pintura Il Dolce Far Niente; e no retrato que pintou, sua irmã Fanny Holman Hunt apareceu discretamente vestida, racionalmente. O próprio Hunt apareceu nas fotografias, como no seu Auto-Retrato, com vestes originais, distantes da moda da época.O movimento liderado por Morris levou décadas para se impor e triunfar na sociedade européia, com a nova moda de vestidos mais fluidos e soltos desenhados pelos figurinistas franceses, que se tornaram líderes da alta moda européia.


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
 
FAHR-BECKER, G. El Modernismo. Colonia: Konemann, 1996. 427p : il., color.,p. 407.

 

FAXN, A. C. Dante Gabriel Rossetti. New York: Abeville, 1989.
 


INTERNET. The Lost and Beautiful Past-the paintings of Patrick Lynch. Pre-Raphaelite paintings exhibit at the Frist Center for the Visual Arts.


 
RODGERS, D. William Morris at Home: An intimate view of his life and homes. London: Ebury Press-The William Morris Society, 1996, pp. 14-15, 29, 47, 66-72, 78-83, 84, 85-89.

Nenhum comentário:

Postar um comentário